sábado, 18 de dezembro de 2010

AUTO DAS CANOAS



Belzebu:

Por onde vai seu bobo

Levando esse desgraçado?



Anjo:

Estou levando ele à vitória,

Porque você é um derrotado.


Belzebu:

É assim que me tratas

Por causa desse delinqüente,

Que a mim pertences?


Anjo:

Se pertencesses a você?

Esta hora estaria contente

Levando em sua canoa mais

Um atoa para as chama ardente?



Belzebu:

Mais é claro que estaria.

A viagem à toa eu não faria.

Voltaria cantando e

Dando pulos de alegria.

Mas já que não tive sorte,

Para não viajar sem nada,

Passe pra mim esse camarada!



Anjo:

Além de não ter vergonha

Também é um debochado!
Queres que eu vires a tua canoa

E se perdes pelo caminho?

Tu mereces mais do que este

Pequeno favorzinho?


Jumento como você,

Não anda em canoa.

Num arado viraria rei

Arando a terra que não é boa.

Ali é seu lugar

Melhor do que em canoa.



Belzebu:

Vejo que você não abre

Mão de seu passageiro

Deixa-me ir até o porto

Para ver se acho um bobo.

Para levar para a perdição

Porque Depois que tu pegas

Não tem combinação



Belzebu:

Vai some com este

Para a sua habitação.



Anjo:

Vou tranqüilo, mas

Também volto contente.

Porque sei que

Os que são meus

Não andarão com essa gente.



Anjo:

Mesmo que eu demore

A recompensa é boa

Eles me esperam por que

Já ouviram falar do seu caminho.

E sabe que é errado,

E Vive melhor o que anda certo

O que anda errado

Está desgraçado


                            Julio Ribeiro Cortez

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