sábado, 18 de dezembro de 2010

JARDIM DA FANTASIA

           CARPE DIEM - JARDIM DA FANTASIA
    Cantares do Amor Pastoril





               Canto I



Olha querida os verdes pastos

Cheios de rebanhos dispersos

Sem amores da louca vida

Eu por ti a ser manso na vida



Para ganhar o teu amor de pastorinha

Pastorinha não me negue à vida

Que por ti a minha choras doída

De um humilde lavrador



Que no campo aprendeu a lavrar

A dura doce terra da vida

Mas não sei lavrar com dulçor



O seu eterno amor de donzela

Pastora quando eu te vejo

Com as outras pastorinhas dançando

                        II
Todas envoltas dos rebanhos

Banhados com a luz da lua

Eu com minha flauta pan

Chorando melodias por você


Logo Baco chora o néctar

Que destila dos teus lábios vermelhos

Pastorinhas, pastorinhas!

O que queres com esse demente?



Por acaso queres me levar com vocês

Para o Ades ardente?

Vélidas árvores, ouves o meu grito!



Desse amigo finito

Que os olhos fita no infinito!

Ai Eros de ninfas!

                 III

Jogando mortalhas ao meu lado

Eu então viajo muito

Pela imensidão do mundo

E agora como as ovelhas



Tiram às ninfas seu pudor

E a ciranda e a dança continuam

E também a luz da lua

Meu jardim da fantasia



Enche a Arcádia como um dia

Lavo a minha face ao ribeirinho

Logo me vejo como narciso



Mergulhado no amor das pastorinhas

E o doce vinho sangra a garganta

Com seus lábios vermelhos


                   IV
Lábios como a deusa uva

Sacia-me na satisfação

Enquanto me aninho em teus membros

As pastorinhas em volta completam



O pudico, pudor divinal

Como um oráculo sagrado

Revelam-me o futuro

E carpie diem é meu amado



E o futuro se é que existe

Você é o esperado, desejado agrado

Deixa-me pastorinha, e como Afrodite



Comanda a fogosa roda

Véus! Que dos corpos caístes!

Descobrindo o pudor

                  V

Das vias lácteas das ninfas

Pecado maior é se não cobiçar

Não desejar de o ritual participar

Oh! Pandora abre esta caixa



De véu dos corpos das ninfas!

Deixa o mundo saciar com os olhos

Do mais puro gozo profundo.

Vem oh Delfos sagrados!



Mostra-me o teu oráculo!

Das pastorinhas mana o poder

De fazer à mente do mais



Vil homem perecer neste

Doce amor bacanizado

Dispersa o rebanho para o abismo



               VI

Vai saciar no Olímpio o infinito

Para que não repreendam as pastoras

Por repartir comigo da eterna

Noite da contemplação



Vamos cair pelas campinas

Amar carpe diem do velho Cronos

Não perder um só momento

Enquanto às flechas cupidíssimas



Vão alimentando o coração

A lua parece emvermelhar-se

A plana, clara verde campina



Viva as mulheres que fazem guerreiros

Que de Esparta desperta conselhos

E fez Atenas cair de joelhos


                 VII

Pois em seus leitos saciam guerreiros

E fazem a guerra dos homens eleitos

Seu sangue é arcadismo

Seu amor é trucant para minha



Singela e sentimental inutilae vida

Seu sexo é de Esparta

Sua alma é lavada

Nos néctar que caem



Das lácteas tetas de Vênus

Na minha amarga boca

Derrama esse lácteo veneno



Que jorra dos desnudos seios

Das pastoras do tempo

Que movem os eternos Éolos ventos

                     VIII

Meu corpo é só pra ti, minha rainha

Oh eterna chefe das ninfas!

Ninfas dos campos, e nobres rainhas

Enche-me de encanto



E me faz uma ilha ao oceano branco

Brancura da vida, do leite, da lua, dos lenços

Dos corpos a luz do suave relento

Pastorinha que encanta a vida



A quem Vênus amou e Cupido

Com cupidez imortalizou e saciou-se

Neste jardim da fantasia



O amor encontra a harmonia

Do prazer e da loucura que

Desperta em mim o gozo ardente


                      IX

Logo descem todos ao virar da noite

Que nunca chega esse dia

Todas se banhando na lagoa

Na nudez reveladora de imaculada harmonia



Eu ainda perdido na cegueira

Da fantasia e do amor ardente

Saio louvando as vélidas arvores

Se por acaso viste a minha amiga?



E uma resposta ecoa pelos ares:

“- Ela esta na lagoa do infinito”

O rebanho corre como se fugistes



De um voraz perverso lobo

Mas os risos e sedução cobrem a colina

E desce e paira sobre a lagoa

                  X
     
De repente uma das pastorinhas

Nua e na inocência de uma ninfa

Chora o canto de uma lira

Enquanto a flauta de Pan destila



Soa em resposta aos choros das melodias

Em meio aos risos que ecoam pelas campinas

No labor de tais astúcias ninfas

Eu me encanto com seus amores



Olha a lua risonha no céu

E que de vergonha se escondeu

Com a censura das nuvens



O brilho se perdeu no negror

Do céu estrelado

Adeus rebanhos!

                   XI

Cabras novas, ovelhas balindo

Com a ninfa nos meus braços

Eu suspiro muito emocionado

E o amor disperso a correr



Pela imensidão dos pastos

Maravilha este jardim

Que Afrodite do Olímpio

Derrama as lácteas vias

Das brilhantes estrelas

Para suprir a falta da lua

Pastorinha por te meu coração



Em teu amor se encarna

E Eros em minhas palavras.

Vamos bailar e celebrar

                   XII

Vamos correr e amar, e pelas vélidas

Campinas o amor se deliciar

Vamos rir, vamos chorar

E fazer Baco agradar



Do vinho, do dulçor de sua boca

Minha bela, belíssima, singela, flor

Vamos bailar, vamos tocar

A Lira e a Flauta Pan



Para os bosques encantar

E às Ninfas a saltar,

A correr e a dançar



Enquanto a nudez

Aos olhos cobrem

E mostram os vícios


                   XIII

Da beleza sem pudor

Vem vindo o sol

Esconde-se a lua

Já vem o meu rebanho



A bulir pelas campinas

Pondo em fim as delícias

Dos prazeres do amor

Despertando o pudor do dia



E adormecendo as delícias noturnas

Enquanto Orfeu cobre com as com sono

E a paz do eterno Olímpio



Meu coração anseia pela noite

Noite vindoura de alegria

De prazer em minha pastorinha.

                                               Júlio Ribeiro Cortez

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