CARPE DIEM - JARDIM DA FANTASIA
Cantares do Amor Pastoril
Canto I
Olha querida os verdes pastos
Cheios de rebanhos dispersos
Sem amores da louca vida
Eu por ti a ser manso na vida
Para ganhar o teu amor de pastorinha
Pastorinha não me negue à vida
Que por ti a minha choras doída
De um humilde lavrador
Que no campo aprendeu a lavrar
A dura doce terra da vida
Mas não sei lavrar com dulçor
O seu eterno amor de donzela
Pastora quando eu te vejo
Com as outras pastorinhas dançando
II
Todas envoltas dos rebanhos
Banhados com a luz da lua
Eu com minha flauta pan
Chorando melodias por você
Logo Baco chora o néctar
Que destila dos teus lábios vermelhos
Pastorinhas, pastorinhas!
O que queres com esse demente?
Por acaso queres me levar com vocês
Para o Ades ardente?
Vélidas árvores, ouves o meu grito!
Desse amigo finito
Que os olhos fita no infinito!
Ai Eros de ninfas!
III
Jogando mortalhas ao meu lado
Eu então viajo muito
Pela imensidão do mundo
E agora como as ovelhas
Tiram às ninfas seu pudor
E a ciranda e a dança continuam
E também a luz da lua
Meu jardim da fantasia
Enche a Arcádia como um dia
Lavo a minha face ao ribeirinho
Logo me vejo como narciso
Mergulhado no amor das pastorinhas
E o doce vinho sangra a garganta
Com seus lábios vermelhos
IV
Lábios como a deusa uva
Sacia-me na satisfação
Enquanto me aninho em teus membros
As pastorinhas em volta completam
O pudico, pudor divinal
Como um oráculo sagrado
Revelam-me o futuro
E carpie diem é meu amado
E o futuro se é que existe
Você é o esperado, desejado agrado
Deixa-me pastorinha, e como Afrodite
Comanda a fogosa roda
Véus! Que dos corpos caístes!
Descobrindo o pudor
V
Das vias lácteas das ninfas
Pecado maior é se não cobiçar
Não desejar de o ritual participar
Oh! Pandora abre esta caixa
De véu dos corpos das ninfas!
Deixa o mundo saciar com os olhos
Do mais puro gozo profundo.
Vem oh Delfos sagrados!
Mostra-me o teu oráculo!
Das pastorinhas mana o poder
De fazer à mente do mais
Vil homem perecer neste
Doce amor bacanizado
Dispersa o rebanho para o abismo
VI
Vai saciar no Olímpio o infinito
Para que não repreendam as pastoras
Por repartir comigo da eterna
Noite da contemplação
Vamos cair pelas campinas
Amar carpe diem do velho Cronos
Não perder um só momento
Enquanto às flechas cupidíssimas
Vão alimentando o coração
A lua parece emvermelhar-se
A plana, clara verde campina
Viva as mulheres que fazem guerreiros
Que de Esparta desperta conselhos
E fez Atenas cair de joelhos
VII
Pois em seus leitos saciam guerreiros
E fazem a guerra dos homens eleitos
Seu sangue é arcadismo
Seu amor é trucant para minha
Singela e sentimental inutilae vida
Seu sexo é de Esparta
Sua alma é lavada
Nos néctar que caem
Das lácteas tetas de Vênus
Na minha amarga boca
Derrama esse lácteo veneno
Que jorra dos desnudos seios
Das pastoras do tempo
Que movem os eternos Éolos ventos
VIII
Meu corpo é só pra ti, minha rainha
Oh eterna chefe das ninfas!
Ninfas dos campos, e nobres rainhas
Enche-me de encanto
E me faz uma ilha ao oceano branco
Brancura da vida, do leite, da lua, dos lenços
Dos corpos a luz do suave relento
Pastorinha que encanta a vida
A quem Vênus amou e Cupido
Com cupidez imortalizou e saciou-se
Neste jardim da fantasia
O amor encontra a harmonia
Do prazer e da loucura que
Desperta em mim o gozo ardente
IX
Logo descem todos ao virar da noite
Que nunca chega esse dia
Todas se banhando na lagoa
Na nudez reveladora de imaculada harmonia
Eu ainda perdido na cegueira
Da fantasia e do amor ardente
Saio louvando as vélidas arvores
Se por acaso viste a minha amiga?
E uma resposta ecoa pelos ares:
“- Ela esta na lagoa do infinito”
O rebanho corre como se fugistes
De um voraz perverso lobo
Mas os risos e sedução cobrem a colina
E desce e paira sobre a lagoa
X
De repente uma das pastorinhas
Nua e na inocência de uma ninfa
Chora o canto de uma lira
Enquanto a flauta de Pan destila
Soa em resposta aos choros das melodias
Em meio aos risos que ecoam pelas campinas
No labor de tais astúcias ninfas
Eu me encanto com seus amores
Olha a lua risonha no céu
E que de vergonha se escondeu
Com a censura das nuvens
O brilho se perdeu no negror
Do céu estrelado
Adeus rebanhos!
XI
Cabras novas, ovelhas balindo
Com a ninfa nos meus braços
Eu suspiro muito emocionado
E o amor disperso a correr
Pela imensidão dos pastos
Maravilha este jardim
Que Afrodite do Olímpio
Derrama as lácteas vias
Das brilhantes estrelas
Para suprir a falta da lua
Pastorinha por te meu coração
Em teu amor se encarna
E Eros em minhas palavras.
Vamos bailar e celebrar
XII
Vamos correr e amar, e pelas vélidas
Campinas o amor se deliciar
Vamos rir, vamos chorar
E fazer Baco agradar
Do vinho, do dulçor de sua boca
Minha bela, belíssima, singela, flor
Vamos bailar, vamos tocar
A Lira e a Flauta Pan
Para os bosques encantar
E às Ninfas a saltar,
A correr e a dançar
Enquanto a nudez
Aos olhos cobrem
E mostram os vícios
XIII
Da beleza sem pudor
Vem vindo o sol
Esconde-se a lua
Já vem o meu rebanho
A bulir pelas campinas
Pondo em fim as delícias
Dos prazeres do amor
Despertando o pudor do dia
E adormecendo as delícias noturnas
Enquanto Orfeu cobre com as com sono
E a paz do eterno Olímpio
Meu coração anseia pela noite
Noite vindoura de alegria
De prazer em minha pastorinha.
Júlio Ribeiro Cortez
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