domingo, 13 de outubro de 2019

Chuva...


A água escorrendo pelos teus seios
Atiçando todos os meus desejos!
De percorrer com elas, o seu corpo.
Reavivando como gotas de orvalho no campo.

As águas alimentam mais o meu fogo ardente...
Ao deslizar pelo seu corpo, nu e quente.
Divino sabor de mais puro vinho...
Destilado em seu corpo com carinho...

Saciando os nossos mais vis desejos!
De sua boca careço de mil beijos.
De te amar, te endeusar e engrandecer.

Vem sem pudor, sua sede saciar!
Enquanto se pode, vamos nos amar.
Enquanto não morrer o dia, e a tarde florescer.

O Tempo...




Passas por mim. Me desvairindo...
Arrancando-me a ceiva do viver!
E assim vou me definhando...
E perdendo o meu viril ser...

No campo eu morro mais lento.
Aos teus braços, eu não tenho lamento.
E na Arcádia, meus dias voam bem lento.
O teu amor me dá crescimento...

Passas por mim, um dia irei contigo!
E na eternidade, serei teu amigo.
Rumo a incertos e infinitos caminhos!

Existirei apenas nas ideias de amigos!
E contigo de mãos dadas partirei...
Apenas saudades daqui, eternas levarei...

Divina Comédia



Como é triste sua falta sepulcral!
Esse tem sido em meu peito, maior mal.
Vem! Quero sentir o seu corpo ao meu!
Sentir meus lábios nele, degustando o seu mel.

Vivermos juntos uma divina comédia!
Vamos juntos, superar unidos mais um dia...
Vem ser para meu inferno, um paraíso!
Quero sentir o seu calor, e no amor o seu riso.

Quero receber de teus seios, o lácteo divino!
E sentir um deus do divino olímpio.
Onde não há limites, entre o real e o imaginário.

Nadar em seu corpo, como se fosse em um rio.
E descobrir os limites do sério, e também do riso.
E deixar essa comédia, a seguir seu curso...

Cronos



O ano chega ao seu fim, cansado.
Com ele trouxe o verde, à esperança.
Como no simples olhar de uma criança,
Nos campos verdes e molhados!

A enchente veio dar vida aos rios,
Lavando dele e da terra os pecados!
O gado tem o que no pasto comer
O passarinho lugar, onde possa se esconder.

Há vida nos campos e amores,
Aos apaixonados, mais sabores!
De deliciar no meio das flores...

A meiga abelhinha colhe doces,
Enquanto os zéfiros saltam das flores!
Arrancando das ninfas risos e louvores.

Estrelas



“... Ora direis ouvir estrelas!...”

Deitados juntos, amando no infinito...
Cortejando a vã filosofia, o mito.
A luz natural de velas!

Deixa-me sentir o seu suave corpo
E no etéreo céu, navegar no prazer.
Onde tudo pode e deve acontecer...
E nos limites do destino eterno.

Quero ir de encontro aos meus desejos!
Quero acariciar e apalpar seus seios...
Deslizando na láctea via do infinito...

Saciar a paixão a cada momento
E no âmago da vã filosofia,
Viver a eterna e passageira alegria...

Arcádia



A primavera, rainha das flores.
Vem a terra despertar amores
Forrando um angelical tapete florido
A esperança que havia com a seca morrido...

Vem minha amada, estar comigo!
Vem nos meus braços, encontrarás abrigo!
Enquanto as abelhas dançam nas flores,
Nós dois, nas campinas a despertar amores.

Os rebanhos pastam calmamente...
As fadas e os zéfiros a entrelaçar os ramos
Ouvi-se o som de um vento sorridente...

Ali, a paz de espírito, encontramos...
E o nosso prazer e paz saciamos
E todos os dias, pela vida nos apaixonamos...

Ao Inverno de Orfeu



Ao inverno de Orfeu consagro meu repouso
Pois, Éolo já começa a soprar gélidos assobios.
Enquanto sobre a terra cobre o negro descanso
Enchendo de sono os meus olhos

Deixe a noite sepultar o claro dia...
Enquanto eu durmo em sua companhia...
Nos teus braços, findo o dia contente.
Enquanto admiro o triste poente...

Os gélidos ventos uivosos cortam as campinas
Trazendo a tristeza e o gemido das sombras
E guardando na alma, o anseio de ver de novo o dia

De despertar do seu lado, doce alegria.
Vem amor! Lograr comigo!
E em teus braços eu encontrarei abrigo.