quarta-feira, 18 de novembro de 2015

ARCÁDIA


O dia amanheceu lindo e florido
E no meu peito, o amor sorrindo...
Despertando a esperança de viver
E de te amar em cada amanhecer...

O campo é o lugar do nosso encanto
Na pequena casa ao pé da montanha
Onde repousas o frescor da manhã
Ouvem-se dos pássaros o lindo canto

Ao longe, as pobres ovelhinhas!
Seguem seu banquete nas campinas...
Enquanto o vento pela colina canta.

E da varanda a paisagem me encanta...
Vem, vem lograr comigo!
Nos meus braços encontrarás abrigo.


JANELA


Da janela de uma simples choupana
Bem no alto de uma montanha
Vejo os campos belos, os lindos gados
Vejo os poetas cantando versos rimados!

Vejo uma capelinha branca no quintal
Bem distante os pássaros no matagal
As flores colorindo as campinas
E crianças brincando de cirandas

Vejo a brisa suave a passar
E o sol quente a clarear
A vida simples com a natureza

Com o meu amor, ali eu quero estar
E o dia e a noite para ela cantar
Ver as estrelas, meu amor a despertar!

POESIA CABLOCA


Homenagem ao Poeta da "Poesia Cabocla Popular" João Bá 80 Anos

Ai que saudade do teu oiá!
Quisera eu com uma faca no céu voá
Rasgar o bucho do véu
E trazer todas armas do céu
Vortar a viver cá
E do meu eterno lado
As alma dos amados
Poder eu ter cá
Que saudade que me corre do oiá!
Que como chuva na terra
só faz a sardade germinar
Quisera eu, do céu!
Seu oiá, de novo buscar
Esse poeta matuto
Descarço já percorreu mundo
Já viu de tudo sem fartá
Mas nada satisfez a sardade
De ver o seu oiá!
Quisera eu oiá
Teus zóios risonhos
De amor e ternura
Que sardades do teu oiá!
Quisera eu meu pai ao céu,
Pudesse eu tocá!
Subir ate o infinito
E ver meus amados
Que me deixaram,eu cá!
Só me sarva as cantigas du poeta João bá
Que me alivia a arma, traze conforto 
A meu coração contrito
Só sua música, faz esse matuto
Durmi em paz e descançá
Deus e a nossa Virge possa sempre te guiá
Assim como primavera, sua luz
Possa sempre nesse mundo briar
Não apenas em meu oiá
Ouvir o grito do silêncio
Dos vegetais desafortunados
E Seu pudesse, eu seria uma flor sensível
Para poder sentir a verdadeira dor
Para depois gritar ao mundo:
Que os vegetais têm a mais profunda 
E sincera e sofrida dor.

A dor de poder sentir
E não ter quem os possa ajudar
A de não ter ouvidos para os ouvirem
E corações para os aliviarem
E poder sarvarem das mãos do opressor

POEMA ORGÂNICO


Seu eu pudesse ser um vegetal
Queria ser uma flor
Assim poderia talvez,
Dos vegetais entender a dor.
Eu sei que dor eles sentem!
Por isso murcham quando o ferimos
Nem sempre quem se cala
É sinal que ingnora
Ou apático a crueldade!
As vezes a dor é imensa,
Tão profunda a angústia, a decepção
Que sufocam os gritos!
Deixando sem ar, o pulmão
Jamais saberemos quão profunda a dor
A dor que deveras sentem
A dor do silêncio dos vegetais
Assim como o barulho e a preocupação
Pelo correr atrás do pão
Tão alto e tão profundo...
Não nos deixa ouvir o mendigo,
Aquele que carece de pão,
Do amor, e que esta na aflição
Estamos no nosso barulho
Tão incomodados, não podemos ouvir
Ouvir o grito do silêncio
Dos vegetais desafortunados
E Seu pudesse, eu seria uma flor sensível
Para poder sentir a verdadeira dor
Para depois gritar ao mundo:
Que os vegetais têm a mais profunda 
E sincera e sofrida dor.
A dor de poder sentir
E não ter quem os possa ajudar
A de não ter ouvidos para os ouvirem
E corações para os aliviarem
E poder salvarem das mãos do opressor

RECORDAÇÃO


Eu me lembro do sol se pondo
Meu pai ao lado do rádio ouvindo...
À hora do ângelus
Ao lado do brilho de uma pequena luz

Eu me lembro, depois assentado na cozinha
Com uma voz trêmula, lia a bíblia
E eu, do lado, ouvia as palavras que ele falava
Sem saber o que elas significavam

Eu criança, ler? Eu não sabia...
Mas da boca dele, ouvia ele a ler
Para mim, de livros belas poesias!

Mesmo sem eu saber ou entender
Do lado dele, sua presença eu podia ter
Eu era agradecido por com ele viver

CANTIGA DE AMOR


Ai porque queixas do meu trobar?
De um menestrel contente...
A vós sempre loarei sorridente
De vós, é meu prazer sempre cantar!

Ai dona! Perdoes o meu louvor!
De coraçon haverdes saído por ti.
Para de gran alegria, vós mercê sorrir
Deixes em teu coração, eu encontrar amor!

Não tenhas por vacuidade
Dona! Te amo de verdade.
Não sou menestrel de Poltronice!

Mesmo que vós mercê aches parvoíce
A ti presto toda minha vassalagem
E meu louvor de verdade.

VOCABULÁRIO;
PARVOICE: Tolice/Estupidez
POLTRONICE: Covardia
VACUIDADE: Vaidade/ Presunção
TROBAR: Trovar
LOAREI: Louvarei
CORAÇON: Coração

GRAN: Grande

CHUVA, EU ONTEM TE ESPEREI...



Eu ontem te esperei no entardecer
Minha esperança crescia ao ver o dia desfalecer.
Mas logo rompeu a aurora
E minha esperança foi-se embora.

Como eu queria poder sentir o seu cheiro!
Fortalecendo em volume os ribeiros!
Poder ver a alegria nos olhos dos animais...
E respirar o louvor das flores e dos vegetais

Vem! Vem, com o meu amigo, o vento!
Tirar nos dessa seca, desse sofrimento...
Encher -nos de lágrimas do seu choro.

Ouvir sua voz soprar em grande coro
Lavando da triste terra o estéril chão
Fazendo nele germinar o pão